Sociedeade Recreativa "OS AMIGOS DO FREIXIAL"




No Freixial, freguesia de Bucelas, já se sabe, a colectividade local desapareceu há muitos Ainda por lá param umas placas e muitas recordações, mas a colectividade, que chegou a realizar iniciativas de projecção, mas acabou.

Nascer e morrer faz parte da lógica da vida. Também pode acontecer com associações. Mas, enquanto permanecem em actividades, esses corpos vivos, unindo desejos e vontades, marcam a vida das comunidades. È por isso que é tão importante preservar o património das colectividades. São um fonte de informação sobre a realidade local que não se pode despreza.
Provavelmente quando os mentores da Sociedade Recreativa "Os Amigos do Freixial" aprovaram os estatutos, a 24 de Fevereiro de 1962, e que estão guardados no Arquivo do MAI, esta preocupação não estava presente de uma forma tão acutilante. Mas no fundo, sabiam que havia que tomar medidas para garantir que o muito ou pouco que fosse feito não se perdesse no pó do tempo.
Talvez por isso, no artigo X dos Estatutos, respeitante à Dissolução da Associação, inscrevessem um artigo único, que diz o seguinte: "A Comissão liquidatária obriga-se a depositar no museu da Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio a documentação que constitui o seu arquivo, o estandarte, a bandeira e troféus que possua a Associação".
Parece que nada disto se concretizou, se é que a Sociedade formalmente se dissolveu...mas que há um arquivo que se justifica recuperar e eventualmente estudar, disso não há dúvida. Talvez, em contacto com esses papéis, com esses materiais, se reganhe de novo a vontade de fazer alguma coisa de âmbito associativo.
Os estatutos têm, no final, as assinaturas da Mesa da Assembleia Geral: Alfredo Marques (Presidente), João Martinho Máximo (1º Secretário) e Manuel da Silva Machado (2º Secretário). Bem como mais 21 subscritores. Tudo o indica que este conjunto de pessoas fariam parte da Assembleia que aprovou os Estatutos, pois ultrapassam em muito o conjunto de nome que fazem parte dos Órgãos Sociais. Mas acredito que seja possível que alguns deles ainda estejam a viver no Freixial e possam esclarecer isso...
( Jornalista)

ARTUR BOURDAIN DE MACEDO: FOTOGRAFIA, FREIXIAL, BUCELAS

 

do post "o meu Frexial"

Em 2019 publiquei um pequeno texto sobre a ligação do Freixial ao cinema, que pode ser abordado por dois vectores. Um deles pelos estúdios de Bourdain de Macedo, a "conhecida cidade dos cowboys", situado no Freixial e a outra, pela presença no Freixial do ANIM-Arquivo Nacional de Imagens em Movimento.
Foram rodados no Freixial, os seguintes filmes de ficção: A Verdadeira Amizade (curta-metragem de Silva Brandão, 1976); Sem sombra de pecado (longa-metragem de José Fonseca e Costa, 1982) e O crime de Simão Bolandas (longa-metragem de Jorge Brum do Canto, 1984) . Os filmes de Silva Brandão e Jorge Brum do Canto foram produzidos por Bourdain de Macedo, proprietário da “cidade dos cowboys”..

É exactamente Artur Bourdain de Macedo que me leva a escrever este texto, colocando o foco numa outra vertente a de fotógrafo. E foi isso que Bourdain de Macedo foi, essencialmente um fotógrafo.
Nasceu em Lisboa a 10 d Abril de 1917, filho de Artur Costa Macedo, director de fotografia e realizador de cinema. Foi com seu pai que aprendeu a dominar a técnica fotográfica. Cito extractos de uma pequena biografia de uma ficha do Arquivo Municipal de Lisboa que refere ainda, que o seu neto, Pedro Capelas, a viver em Almada e com quem tive a oportunidade de falar, é igualmente fotógrafo. Há toda uma sequência na família.
Bourdain viveu em Lisboa, Bucelas e depois no Rio de Janeiro, „dedicando-se à fotografia de cena (teatro e cinema) e à fotografia de eventos“, entre 1930 e 1980. Faleceu em Bucelas, a 14 de Novembro de 1997.

Pedro Capelas, por mail, diz: „O meu avô viveu em Bucelas muitos anos. A passagem dele pelo concelho foi bem mais interessante, pois construiu, na aldeia do Freixial (na quinta do Picoto) uma cidade dos cowboys. Este era um projecto ambicioso que, em conjunto com o seu grande amigo realizador (espanhol), queriam fazer o primeiro filme "western" em Portugal. Infelizmente o seu sonho não se realizou mas os cenários e os estúdios lá construídos serviram para vários anúncios publicitários e para a rodagem de alguns filmes. Lembro-me bem das filmagens de um deles, chamado "O Crime de Simão Bolandas".
Na sua apresentação, Pedro Capelas recorda o avò: „Aprendi fotografia com Artur Bourdain de Macedo. Com ele aprendi a dominar a focagem, o enquadramento, o manusear das máquinas e revelação em câmara escura“

Estou convicto que será pouco crível que alguém com tal interesse pela fotografia, não tenha encontrado no Freixial e em Bucelas motivos para captar e guardar. Infelizmente, se tal aconteceu não se sabe onde param eventuais fotos. Pedro Capela, seu neto, pouco tem. algo me diz que por aí, haverá exemplares do olhar de Artur Bourdain de Macedo sobre a terra onde viveu e onde imaginou o mundo do cinema e da fotografia. Quem sabe entre as 16.000 imagens que o Arquivo Municipal de Lisboa tem à sua guarda...
Carlos Cardoso
( Jornalista ) publicado a 6 de setembro 21 na página FB

Freixial e os transportes



Há dias uma amiga deste nosso Freixial (peço desculpa mas escapou o nome) pedia que indicasse publicações que referenciavam o Freixial como um bom lugar para a saúde.


São diversas as noticias em jornais. Publico este, porque junta duas coisas num mesmo texto: a valorização do Freixial pelas suas características naturais e a chegada à vila das carreiras de camionetas.

A publicação é o jornal O Regionalista de 30 de Junho de 1927.



Na página 3 um texto com o título "Pelo Freixial", que anexo como foto. Diz, a certa altura que se respira no Freixial "ar puro e higiénico e bebe-se excelentes águas", motivador da presença de "muitos forasteiros (...) que vão fazer a propaganda por toda a parte, o que origina certamente o aumento de visitas de forasteiros".

Mais à frente refere que "foi esta vila dotada com um importante melhoramento. Foram estabelecidas carreiras de camionetas entre Lumiar, Loures, Tojais, Bucelas e Freixial e vice versa, duas vezes por dia, uma de manhã e outra de tarde".

Terminava o autor do texto dizendo que o Freixial teria a lucrar com o estabelecimento das carreiras, facilitando a vinda de forasteiros, "para passarem lá a estação calmosa".

Carlos Cardoso
Jornalista

ver também aqui

A Ponte do Rio Trancão

Remonta a 2 de Julho de 1958 a escritura de adjudicação da empreitada para a construção de um pontão sobre o rio Trancão,no lugar de Freixial.

Foi aberto um concurso público para a obra, por parte da Câmara de Loures, que para além da ponte contemplava o arranjo do Largo Principal e a pavimentação de ruas.

A escritura recorda que a atribuição da obra foi tomada em reunião do Executivo de 6 de Junho de 1958 ao empreiteiro Joaquim Barbosa Diniz Vinagreiro, morador na localidade de Fanhões.

O valor da obra, para a época, já era expressivo, situando-se em 109.845 contos.

A empreitada seria feita de forma faseada mas a primeira obra era exactamente a ponte ou pontão, sinal da sua extrema necessidade. Uma necessidade que devia decorrer do estado deplorável em que se encontrava a ponte. De facto, já em 1949, ou sejam dez anos antes, a Direcção Hidráulica do Tejo ou à Direcção Hidráulica do Tejo, não consegui apurar, teria solicitado a reparação da ponte. Como penso que apenas havia,no Freixial, uma única ponte sobre o Trancão, estaremos a falar do mesmo equipamento.

Dez anos !!!

Para termos presente, publico a primeira página da escritura da adjudicação da empreitada.


Carlos Cardoso
(Jornalista)

um post no grupo fechado "Amigos do Freixial, FB.
Este post tem um comentário, colaboração, de Eduardo Parreira ao acrescentar:

E o pontão que se estará a focar será certamente este.
Por sinal a necessitar de conservação numa das 3 vigas.
Terá a idade de 61 anos.
E terá tido algumas décadas muita utilizada.